Oppenheimer - Resenha crítica - Kai Bird
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Oppenheimer - resenha crítica

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Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: American Prometheus

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5560-722-2

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

Pequeno prodígio

Joseph Robert Oppenheimer cresceu como um pequeno prodígio em um colégio judaico, liderado por um intelectual pouco ortodoxo e com aspirações progressistas. Era o Dr. Felix Adler, adepto da “Sociedade de Cultura Ética”. O ramo celebrava o racionalismo e um humanismo secular.

O pai de Oppenheimer tinha uma loja de vestuário bem-sucedida e uma coleção de quadros caros, estabelecendo a família entre a classe rica de Nova York. Isso fez com que o futuro físico não passasse dificuldades financeiras durante a vida. Dono de uma inteligência considerável, ele teve facilidade para aprender um número alto de assuntos não relacionados.

Oppenheimer conhecia poesia, era um leitor de Proust, sabia ler sânscrito e conseguia recitar trechos do texto hindu Bhagavad Gita. Esse talento para o aprendizado o fez ingressar na universidade de Harvard, onde estudou química. No entanto, iria descobrir que essa não era sua área da ciência favorita. Por isso, decidiu experimentar física na Universidade de Cambridge.

Em busca do tempo perdido

Oppenheimer teve dificuldades com a física experimental. Teve um choque de realidade ao descobrir que era péssimo no trabalho de laboratório. O ambiente exigente da universidade era diferente da escola do Dr. Felix Adler, onde era fácil se destacar.

Isso fez com que precisasse lidar com uma intensa crise mental, que só se aliviou quando o jovem se aprofundou no “Em busca do tempo perdido”, de Marcel Proust. O texto místico e existencial do ensaísta francês tocou sua consciência atormentada. Oppenheimer buscou o território mais teórico da física europeia, e, assim, matriculou-se na Universidade de Göttingen, na Alemanha.

O ambiente era mais favorável às suas aptidões teóricas. Oppenheimer se sentiu em casa. Conseguiu lidar bem com as demandas da faculdade e se mostrou talentoso para mergulhar no então pouco conhecido campo da mecânica quântica. A Europa estava à frente dos Estados Unidos no assunto. Era também o ambiente do físico de quem mais cultivava admiração, o prêmio Nobel dinamarquês Niels Bohr.

A vanguarda quântica

O jovem estudante se uniu aos gênios da física que estavam descobrindo o ramo nos anos 1920, ao publicar vários artigos. Após a formação, Oppenheimer voltou aos Estados Unidos e foi convidado para lecionar na Universidade da Califórnia e no Instituto de Tecnologia da Califórnia. O físico se dedicou a apresentar a inovadora mecânica quântica aos Estados Unidos.

A trégua da intensa rotina de estudos e pesquisas vinha nos verões. Oppenheimer passava as férias no Novo México, no pequeno rancho de “Perro Caliente”. Lá, cavalgava com o irmão, Frank, e com alguns amigos. Com os contatos das universidades, o círculo social de Oppenheimer se ampliou.

A crise de 1929 aproximou Oppenheimer da política. Originalmente, não era um assunto que o interessava. Mas seu círculo social o tornou mais próximo da esquerda americana, adepta do New Deal. Quando a Guerra Civil Espanhola estourou, em 1936, Oppenheimer usou alguns contatos comunistas para apoiar a esquerda espanhola na guerra.

A guerra secreta

Embora não demonstrasse simpatia pelo comunismo, Oppenheimer frequentava algumas reuniões de membros do partido. Para ele, era importante reunir forças para vencer o ascendente fascismo europeu e os comunistas pareciam ser os únicos engajados. Isso o fez se aproximar dos círculos de esquerda. Seu irmão, Frank, se filiou ao partido.

É nessas reuniões que conheceu Kitty Puening, viúva de um veterano da Guerra Civil Espanhola e ex-membra do partido comunista. Os dois se apaixonaram, tiveram um filho e se casaram. Em 1941, os Estados Unidos foram atacados pelo Japão e entraram na Segunda Guerra Mundial. Só que uma guerra secreta também estava sendo travada na ciência.

Corria a notícia de que dois químicos alemães encontraram uma forma de dividir o urânio em várias partes, no processo de fissão nuclear. As repercussões foram assustadoras. A Alemanha tinha provado, experimentalmente, que a possibilidade de produzir uma bomba nuclear era real. Se a nação liderada por Hitler fosse rápida, poderia usar a tecnologia para virar a guerra.

Projeto Manhattan

Por isso, o governo americano decidiu investir no “Projeto Manhattan”, uma iniciativa ultrassigilosa para produzir a bomba atômica antes dos nazistas. Oppenheimer era o grande nome da física quântica americana e foi escolhido pelo general Leslie Groves para liderar o projeto. O governo precisava de uma localização discreta, para que os testes não chamassem atenção.

Oppenheimer escolheu Los Alamos, um local que conhecia bem graças ao Perro Caliente. O projeto era sagaz, mas tinha políticas de segurança rígidas. Nenhuma informação poderia vazar, já que faria com que as nações do Eixo passassem os Estados Unidos na corrida nuclear e colocassem os Aliados em risco. 

Os membros do projeto eram cercados de pessoas querendo colher informações sobre a bomba. Por isso, o FBI mantinha intensa vigilância sobre os cientistas. É o caso de Oppenheimer, que tinha o telefone grampeado e escutas em sua casa. Em um dia de folga, quando o físico preparava uma bebida em sua casa em Berkeley, aconteceu uma conversa que geraria problemas enormes no futuro.

O caso Chevalier

Em um jantar com sua esposa Kitty, o casal convidou um dos seus amigos comunistas. Era Haakon Chevalier, um professor de literatura francesa. Embora fizesse parte dos Aliados, a União Soviética tinha interesse em colher informações sobre o andamento da bomba para ampliar seu próprio arsenal. 

Isso fez com que o partido comunista estadunidenseamericano movesse algumas pessoas para desvendar os segredos do projeto Manhattan. Chevalier recebeu, em segunda mão, um pedido de informações do consulado soviético. Fez perguntas sobre as intenções americanas a Oppenheimer, que não abriu o jogo. Ainda assim, demorou alguns meses para relatar o que parecia ser uma tentativa de espionagem, contrariando as rígidas políticas de segurança.

Apesar da dificuldade para seguir as normas, Oppenheimer se mostrou um líder competente. Soube selecionar algumas das melhores mentes do país e vários dos físicos europeus com quem aprendeu mecânica quântica. Também teve a ajuda de outros jovens prodígios, como Richard Feynman, que ganharia o prêmio Nobel por sua teoria da eletrodinâmica quântica alguns anos depois. Ele recebeu alguns conselhos de seu mentor, Niels Bohr.

O pacifismo de Bohr

Já passamos da metade do microbook e os autores contam como Bohr era cético sobre a eficiência da arma nuclear. Para ele, a arma poderia até ajudar a vencer a guerra, mas geraria repercussões sombrias depois. Isso porque outros países, como a União Soviética, desenvolveriam seus próprios projetos nucleares. Isso criaria uma corrida desenfreada, que poderia levar a um apocalipse nuclear.

Bohr achava que a única forma de frear essa corrida era compartilhando as informações com o mundo, acabando com o sigilo e criando um controle internacional de armas. Suas ideias provocaram uma influência profunda em Oppenheimer, que passou a desconfiar da própria criação.

O projeto Manhattan foi extremamente bem-sucedido. A primeira detonação aconteceu na experiência “Trinity”, em 1945. A Alemanha já tinha sido vencida, mas o Japão se recusava a se render. Isso foi razão suficiente para que os tomadores de decisão americanos escolhessem lançar duas bombas no país. Uma detonação foi em Hiroshima, outra em Nagasaki.

Um inimigo essencialmente derrotado

Depois das conversas com Bohr e do choque de realidade com o genocídio em Hiroshima e Nagasaki, Oppenheimer ficou com a consciência pesada. Ele passou a acreditar na visão dos pacifistas da época, que diziam que os Estados Unidos usaram as armas contra um inimigo essencialmente derrotado. Por isso, a rendição poderia ser alcançada por outros meios, sem tantos sacrifícios civis. 

O uso teria sido antiético, já que os japoneses não sabiam da força da bomba e, por isso, não tiveram a oportunidade de se render. Quem ficava no meio do caminho, entre a posição bélica e a pacifista, justificava o uso da bomba pela crença de que seu poder acabaria com todas as guerras.

Vários dos construtores da bomba compartilharam de sua opinião e viram o ataque às cidades japonesas como gratuito e desnecessário. Com o fim da Segunda Guerra Mundial. Oppenheimer usou sua influência e prestígio para fazer campanha pelo controle internacional de armas e contra a corrida nuclear. Ele virou o principal conselheiro da Comissão de Energia Atômica e expressou remorso em várias conversas.

A morte, a destruidora de mundos

Em uma tentativa malsucedida de convencer o presidente Harry Truman de que a escalada nuclear era má ideia, Oppenheimer chegou a dizer que tinha “sangue nas mãos”. O líder dos Estados Unidos ficou espantado com a fragilidade do físico. Depois, o descreveu como um “bebê chorão”. Oppenheimer começou a dar entrevistas e citou o Bhagavad Gita em uma delas: “agora eu me torno a morte, a destruidora de mundos”.

A ala política adversária à de Oppenheimer era liderada pelos militares de linha-dura dos Estados Unidos. Eram anticomunistas ferrenhos em meio a uma crescente polarização provocada pela Guerra Fria. Também eram adeptos da corrida nuclear e do desenvolvimento da “bomba H”, uma variação muito mais destrutiva da bomba lançada em Hiroshima.

O líder dessa ala era Lewis Strauss, um ex-banqueiro que o presidente Harry Truman nomeou para presidir a comissão. Logo, surgiu uma rivalidade crescente entre Lewis e Oppenheimer. O chefe da comissão desconfiava da lealdade de Oppenheimer ao país, julgando que o físico estava sabotando o desenvolvimento da bomba H com seu discurso.

Oppenheimer vs. Strauss

O ex-banqueiro odiava o físico não só por suas aspirações políticas, mas pela arrogância. Ele se sentiu humilhado quando Oppenheimer zombou publicamente de sua oposição à exportação de isótopos radioativos. Para o físico, era uma preocupação tola. Isso fez Strauss se sentir humilhado, com sua inteligência insultada.

A vingança não demorou para chegar. Strauss era influente e conseguiu conspirar para que a Comissão de Energia Atômica revogasse a autorização de segurança de Oppenheimer. Para isso, reuniu as várias informações ilegais do FBI sobre as relações comunistas do físico e de suas conversas com Chevalier. 

Os sentimentos de Oppenheimer sobre a bomba H tiveram um papel importante nas acusações. Parte do problema seria o fato de o discurso do Oppenheimer afastar cientistas relevantes. Ele também foi acusado de facilitar a entrada dos espiões atômicos no projeto Manhattan, que levariam informações para o projeto nuclear soviético.

Conspiração de extermínio atômico

A história pessoal de remorso e culpa de Oppenheimer fez com que os militares atribuíssem ao físico o rótulo de “arma de genocídio” da bomba H. Os generais da Força Aérea queriam carta branca para planejar a política nuclear e o cientista era uma persistente pedra no sapato.

Os defensores de Oppenheimer consideravam a perseguição dos militares como um julgamento por um crime de opinião. Para eles, Oppenheimer tinha direito a discordar dos rumos do setor de defesa americanos. Suas preocupações com a corrida nuclear eram válidas e os riscos de um apocalipse nuclear não poderiam ser desprezados.

Albert Einstein era um de seus defensores. Ele chamou o Comitê de Energia Atômica de “conspiração de extermínio atômico”. Para o gênio da física, o problema de Oppenheimer é “amar uma mulher que não o ama: o governo dos Estados Unidos”.

O Prometeu americano

O físico recorreu, mas um julgamento viciado, com macartistas escolhidos a dedo por Strauss, decidiu contra Oppenheimer. Ele perdeu as credenciais de segurança e foi expulso do Comitê de Energia Atômica. O físico se afastou da política e passou a viver uma vida reclusa na pequena ilha de St. John, longe de qualquer aspiração pública.

Os autores chamam Oppenheimer de “Prometeu americano”, em homenagem ao personagem homônimo da mitologia grega, punido por roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à humanidade. Mas Strauss não passou ileso do julgamento manipulado. Sua imagem pública ficou prejudicada quando a perseguição ao físico se tornou conhecida. Quando foi nomeado pelo presidente Eisenhower secretário do comércio, não conseguiu assumir. 

Em uma sabatina no Senado americano, foi reprovado, com voto decisivo do, então senador, John Kennedy. Oppenheimer, por sua vez, deixou o ostracismo político quando os democratas voltaram à Casa Branca, no início dos anos 1960. Ele foi laureado com o prestigioso prêmio Enrico Fermi, em reconhecimento aos serviços prestados ao país. 

Notas finais

Oppenheimer é fruto de uma extensa pesquisa, que demorou mais de duas décadas para ser concluída. É a história biográfica de uma das figuras mais misteriosas e cheias de nuances da história. A conspiração de Strauss trouxe à obra de Kai Bird e Martin Sherwin traços de um thriller e de um drama de tribunal, fazendo com que o livro também possa ser lido como um romance.

Dica do 12min

A produção da bomba atômica em Los Alamos teve algumas das mentes mais brilhantes da época. É o caso de Richard Feynman, o Nobel da física. Em sua autobiografia, ele conta como violou os arquivos secretos do governo americano, ajudou na bomba atômica e até participou de um desfile de samba no Brasil. Confira o “Só pode ser brincadeira, Sr. Feynman!”, no 12 min!

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Quem escreveu o livro?

Martin J. Sherwin foi historiador e professor universitário. Lecionou inglês e história n... (Leia mais)

Kai Bird é jornalista, biógrafo e editor da revista The... (Leia mais)

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